sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Análise do texto: ”Tudo é História: O que ensinar no mundo Multicultural?” de Selva Guimarães e Marcos Silva e Fonseca.

Os autores questionam, no início do texto, o que fazem os historiadores quando ensinam história e como trazem de volta o passado. Questionam também ,de qual passado os professores tratam quando ensinam história às crianças e aos jovens brasileiros?Respondem essas questões afirmando que nenhum relato consegue recuperar o passado tal como era e esta sempre fadada a ser um construto pessoal, uma manifestação da perspectiva do historiador como narrador. Assim sendo os autores concebem o currículo como uma construção, um processo, campo de lutas, fruto da seleção de alguém ou de um grupo que está no poder, revelando tensões, conflitos, aproximações e distanciamento. O Objetivo do texto é refletir sobre a questão dos currículos de história na escola de educação básica no contexto global e multicultural na atualidade.
Multiculturalidade nos currículos escolares são usados para caracterizar a sociedade brasileira globalizada, inserida no movimento de globalização mundial, com sua diversidade humana, social, geográfica e política. O papel do professor neste contexto, ”deve” ter a capacidade interdisciplinar, de integrar os contextos dos sujeitos e dos saberes dos excluídos. Esse professor traz consigo a crítica do sistema de ensino brasileiro, sua concepção e organização histórica, atrelada aos interesses dos setores dominantes da sociedade. Em suma,defende uma escola para todos.
Nesse sentido a escola, se apresenta como um espaço de acolhimento, inclusão e resgate de identidades e culturas múltiplas. O Estado também tem um crescente interesse em reconhecer o pluralismo no interior da sociedade brasileira e a educação escolar como espaço de afirmação de identidades diversas. Como reação as essas demandas, das “minorias”, houve a introdução dos temas transversais como “ética”, ”pluralidade cultural” nos Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997, tornando obrigatórios o estudo da temática “história e cultura afro-brasileira”.
O multiculturalismo é resultante de reinvidicações de grupos sociais, ditos como “minorias” para serem valorizados e reconhecidos. Também é visto como uma estratégia de grupos dominantes para controlar e dominar as reivindicações, os mecanismos de produção e reprodução de saberes e culturas. Assim sendo o papel do professor crítico é de ter a possibilidade de desconstruir discursos antidemocráticos, monoculturais, difusores de estereótipos e preconceitos de classe, religião, etc. De tal modo, mais que um conteúdo escolar e acadêmico, o “multiculturalismo crítico e revolucionário” é uma postura ética e política em relação ao mundo.
Portanto, o texto apresenta uma visão de currículo como um campo de relações e intenções sociais, políticas, econômicas e culturais, e parte constitutiva do contexto produzido e produtor de relações, de saberes e práticas escolares. Assim, discutir o currículo é essencial para o ensino de história. O currículo não é um espaço neutro – na verdade, ele representa uma forma que os interesses sociais e a cultura encontram para se produzir e se desenvolver, representa o encontro e desencontro de desejos e ideologias, a noção de poder exercida pelo controle social e econômico, o que se configura no controle do estado sobre a escola. Ainda assim, o currículo é contextual, depende de onde e de quem o utiliza, ou seja, pode ser aceito ou criticado pelos sujeitos do processo educativo. Portanto, existe o currículo prescrito e o currículo vivido.
No Brasil, o currículo procura formar um aluno trabalhador/consumidor/cidadão, que atenda as exigências da sociedade atual. Desde os anos 1990, a política educacional brasileira procura estabelecer variados mecanismos de controle – como o currículo prescrito unificado. Além de ditar os conteúdos que devem ser ensinados, eles fazem a educação voltar-se a testes avaliativos (como o vestibular, o Enade, etc.), seguindo uma tendência neoliberal internacional, derivado de um processo de globalização econômica e de mundialização da cultura.
Vários autores criticam esta formação da cidadania contraposta à formação para a economia, ligada às necessidades do mercado capitalista. Defende-se que, ensinar para além desta sociedade, cultiva-se a atitude de cuidado e solidariedade, desenvolve caráter e identidade cosmopolita. Porém, se as pessoas não estão preparadas para esta sociedade, serão excluídas dela. Assim, conscientes destes conflitos/relações de poder que permeiam a formulação dos currículos, os professores devem estar preparados para analisar o currículo, o material escolar e, sempre valorizar as vozes dos diferentes sujeitos, o diálogo, o respeito à diferença, o combate à desigualdade e o exercício da cidadania.
O debate sobre o que ensinar nas escolas é intenso, segundo a autora: “Este terreno é sempre controverso, habitado por disputas, interesses, consensos, e principalmente, dissensos.” Ou seja, a escolha não esta ligada apenas ao professor que ministra as aulas, mas a uma série de pessoas envolvidas no processo educacional, que estão por trás dos currículos, e tem interesses distintos. A institucionalização dos currículos na disciplina de história, esta envolta de interesses teóricos e políticos.
A forma de organização do currículo demonstra as intenções do ensino, como por exemplo, em 1942 no auge da Era Vargas, onde diferente do período anterior que privilegiava as nações européias em detrimento da América e do Brasil, a história nacional ganha destaque, pois para o governo de Vargas, era importante o sentimento de pertencimento, a unificação nacional, e a escola foi um instrumento do nacionalismo pretendido pelo governo. Já a história da América foi retirada dos currículos. Nos currículos e programas de ensino é evidente a relação entre o ensino de história e a formação de uma identidade nacional, o que nos remete à intencionalidade política do Estado na formação em relação ao preparo do cidadão apto a conviver em sociedade.
Para o ensino de história, a proposta curricular prevê o aperfeiçoamento de competências e habilidades em seus alunos. Assim para que se desenvolvam os conhecimentos históricos nos estudantes, é necessário desenvolver competências de “representação e comunicação, investigação e compreensão e contextualização cultural”, o que implica o aluno em saber ler, analisar, contextualizar e interpretar fontes documentais, dentre outras habilidades.
O ensino de história a partir dos anos 90 vem voltando-se para o indivíduo em sociedade, para as semelhanças e diferenças culturais, entre os povos, seus interesses, valores, e identidades buscando cada vez mais diminuir o preconceito. A partir disto, torna-se clara a preocupação dos PCNs em localizar no campo da história, questões que remetam ao tempo em que vivemos como a identificação da heterogeneidade, a distinção das particularidades da cidadania cultural, a política da convivência e da tolerância em relação ao diferente.

Acadêmicos: João Vinicius Bobek, Renata Neves e Vanessa

Vídeo:"Multicultural"(copie e cole no seu navegador)
http://www.youtube.com/watch?v=PRIF1kYdtCk

Um comentário:

Unknown disse...

Analise foi muito bem feita. Parabéns!

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