domingo, 30 de agosto de 2009

Paralelo entre a visão da Revolução Francesa de 1848, a partir dos textos de Heric Hobsbawn e George Rudé.


‘Paralelo entre a visão da Revolução Francesa de 1848, a partir dos textos de Heric Hobsbawn e George Rudé. ’

Pegando como referência o texto de George Rudé, ”A Revolução Francesa de 1848”, nota-se que o autor trabalha com uma visão específica sobre o tema, focando o processo revolucionário na França. Aponta no texto dois fatores de diferença quanto a Revolução de 1789. O primeiro diz respeito a ao início da indústria moderna e o segundo quanto a difusão de idéias socialistas.Ressalta que a era do grande empregador industrial ainda estava para chegar na França neste período,pois ainda na década de 1830,os trabalhadores estavam começando a se associar em grupos organizados a fim de participar de questões políticas.Esse grupos tinham objetivos sociais muito mais profundos do que um simples aumento de salários e a existência de empregos,pois ocorreu numa época em que a habitação era miserável e a depressão predominava.Pois segundo o autor,pela primeira vez na história da França,encontra-se os mesmos trabalhadores empenhados em sucessivas manifestações políticas.

Rudé afirma que em 1789 e 1830, os assalariados não só tinham ajudado a fazer uma revolução como também tinham obtido uma vitória inicial. Estavam organizados em clubes políticos e associações profissionais próprios, marchando sob líderes e bandeiras próprias, totalmente imbuídas de novas idéias do socialismo. Portanto em 1848,apesar de suas inovações importantes,marca apenas uma etapa intermediária entre o tipo mais antigo e o mais novo de movimentos e distúrbios populares.O autor contempla que o rompimento entre o governo e os socialistas agora era completo.

Apanhando Marx e Tocqueville como referência, Rudé esclarece embora os pensadores pertençam a campos opostos, ambos concordam que se tratava de uma luta de classe contra classe, que marcou um ponto culminante na história da França. Tocqueville afirma que o fato de não visar a uma modificação na forma de governo,e sim à alteração da ordem da sociedade e já para Marx foi a uma luta de proletariado e da burguesia ,pois para ele significava a derrubada da sociedade burguesa e antes a revolução significava a derrubada da forma de Estado.Então admite-se que a revolta 1848 foi ,segundo o autor,um protesto armado dos trabalhadores de Paris,contra os donos de propriedades,não sendo um conflito de trabalhadores de fábricas ,pois isso seria impossível nas circunstancias da época.

Portanto Rudé assegura que o conflito de junho de 1848 volta-se para as formas mais antigas de protesto social pelos pequenos consumidores e produtores. Esse conflito teve origem na minoria dos trabalhadores das oficinas, principalmente motivados pelo fato de o governo continuar a pagar salários, a espinha dorsal da revolução vinha de outros grupos.

O texto de Heric Hobsbawn, ”A Primavera Dos Povos”, faz uma abordagem mais ampla e global sobre o processo revolucionário de 1848. Destaca que a França é o centro natural detonador das revoluções européias.Afirma que em 1848,foi a primeiro levante potencialmente global,e cita como exemplo de sua amplitude a insurreição em Pernambuco e na Colômbia.Afetou tanto as parte desenvolvidas quanto as atrasadas no Continente,sendo a mais ampla e a menos bem sucedida revolução dessa linhagem.

Hobsbawn cita que essa revolução requer um detalhado estudo por Estado e região, pois aconteceram quase que simultaneamente e possuem estilos e sentimentos comuns, resultado de uma atmosfera romântico-utópica, entretanto foram revoluções sociais de trabalhadores pobres, assustando tanto os moderados liberais quanto os políticos mais radicais. Portanto a revolução de 1848 manteve seu ímpeto e influência onde os radicais eram suficientemente ligados aos movimentos populares para empurrar os moderados para frente ou realizá-la sem eles.Segundo Hobsbawn isso só seria possível nos países onde a questão crucial era a libertação nacional,um objetivo que requereria a continua mobilização das massas,por isso teve mais sucesso na Itália do que na Hungria,por exemplo.

Eric garante que chamar 1848 de “a revolução de intelectuais” é um erro e não se deve subestimar o potencial do proletariado, ainda jovem, a ter consciência de si enquanto classe. O objetivo dessa crise da primeira metade do século XIX era de ser pública democrática e social, pois a classe trabalhadora injetou nele, novos elementos institucionais baseados na prática dos sindicatos e da ação cooperativa, embora não tenha criado elementos tão novos e poderosos como os russos. Portanto 1848 foi a primeira revolução na qual os socialistas apareceram na frente da cena desde o início.

Assim sendo Eric Hobsbawn afirma que esse período de crise surgiu e desapareceu, deixando para trás exceto mito e promessa. Deveriam ter sido revoluções burguesas,mas a burguesia fugiu delas.Mas a revolução de 1848 acabou marcando o fim da política da tradição ,das monarquias que acreditavam que seus povos aceitavam a regra do direito divino,resultando em sociedades estratificas,tudo sancionado pela tradição religiosa,na crença dos direitos e deveres patriarcais do que eram superiores social e economicamente.

Bibliografia:
Rudé, George. A multidão na História:Estudos dos Movimentos populares na França e Inglaterra:1730-1848.Rio de Janeiro:Campus,1991.
Hobsbawn J. Heric. A Era do Capital 1848-1875.Rio de Janeiro:Editora Paz e Terra,1996.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger