terça-feira, 31 de julho de 2007

Análise do artigo de Maria Angélica de Souza:Os Corpos que se comunicam nas Danças Atenienses.

Os Corpos que se Comunicam nas Danças Atenienses

Maria Angélica Rodrigues de Souza inicia seu artigo afirmando que a dança é um ato comunicacional e de integração.Sendo assim a autora pretende abordar as danças entre as atenienses no Período Clássico. Para isso fará uso da comédia de Aristófanes,’ As Mulheres que celebram as Thesmophórias’, e das pinturas contidas na iconografia Ática de figuras vermelhas.Assim os registros deixados pelos pintores ,principalmente as representações das figuras vermelhas na cerâmica ática,fazem vislumbrar as ações do dia-a-dia dos agentes sociais gregos,sendo que essa documentação iconográfica se torna viés principal para compreensão de como os atenienses construíram seus corpos e,especificamente,o corpo feminino.

A articulista afirma que o corpo ,na sociedade ateniense,era um canal,ou seja,um veículo que transportava uma mensagem e que as inquietações culturais entre os seres humanos contribuíram significativamente para que as informações compartilhadas pelas mulheres,principalmente pelas esposas bem nascidas,ultrapassem os espaços sociais vivenciados por elas e se apresentassem na dinâmica da Koinonía.Sendo assim a dança torna-se um veículo de comunicação e exige sincronia para efetuar os passos e harmonias só obtidas através da comunicação,seja esta verbal ou não verbal,principalmente quando se dança em conjunto.A dança é um ato de integração.

Analisando o Festival das Thesmophórias,objeto de reflexão do comediógrafo Aristófanes,Maria Angélica enfatiza que o autor, além de abordar o próprio ritual festivo em homenagem às deusas Deméter e Perséfone,também ressalta as relações grupais ,a fala feminina,a dança,e aponta indícios de desvios ao modelo melissa.Esse festival era uma ocasião em que as esposas possuíam liberdade de expressão,em que tradicionalmente tinham a oportunidade de dialogar livremente e trocar impressões .As esposas usufruíam de um momento que fazia parte das programações atenienses e,a partir deste,criavam um espaço especificamente feminino para trocar,planejar,enfim,agir taticamente.

Assim nessa gama comunicacional,Aristófanes,prioriza com abundância a fala e a presença desta no ritual que denota a interação das esposas ao dançar,a questão rítmica.Essa simultaneidade existente na dança e que está inserida na comédia nos remete ao entrosamento das esposas no cotidiano.Sincronia implica dialogo,comunicação e integração,remetendo ‘ao corpo que fala’.

A autora ainda destaca que nas pinturas iconográficas,como a hydría grega de figuras vermelhas a dança sempre foi tema tratado pelos pintores.Além da dança ,os bordados nas roupas das dançarinas e os gestos efetuados por elas ao dançarem contemplam a comunicação não verbal.Então as pinturas iconográficas deste período enfatizam lições de dança ou de integração social,uma representação de dança e para que ocorra de forma ordenada ,se faz necessária uma sintonia para efetuar gestos e só é possível através da comunicação que se faz presente através dos acenos,dos jogos de olhares e do ritmo cadenciado pela música.

João Vinicius Bobek

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