quarta-feira, 27 de junho de 2007

Análise da obra: Samonios/Samain: A Festa Celta que Abolia a Fronteira com o Outro Mundo (Livro Memória e Festa)

  1. Obra: O Samonios/Samain: A Festa Celta que Abolia a Fronteira com o Outro Mundo (Livro Memória e Festa)
  2. Autor: Fillippo Lourenço Olivieri
  3. Aspectos abordados na obra: O Samônios/Samain representava um momento de extrema importância na vida dos antigos celtas.O mundo visível e o invisível se entrelaçavam e se unia, de forma a não haver de fato um limite ou fronteira bem demarcada entre os dois.Sendo assim o Halloween representa a sobrevivência dessa festa.
  4. Contribuição da leitura para o tema proposto: percebe-se o caráter simbólico da festa céltica que resistiu através dos tempos e se modificou resultando no imaginário do contato com o Outro Mundo, ainda que não reconhecida.Assim existe uma celebração simbólica do objeto mesmo que aparentemente possa aparecer fútil.

Fillippo Lourenço Olivieri inicia seu artigo expondo que a festa do Halloween, comemorado principalmente em paises de língua anglo-saxônica, como os EUA, foi levada pelos imigrantes irlandeses em meados do século XIX.Ainda que corrompida pela mentalidade cristã e pelo apelo comercial, rememora uma antiga celebração céltica que marcava o fim de um ano e início de outro.O que nos dias de hoje chama-se Halloween e nos países católicos tornou-se o dia de Todos os Santos, festejado em 1ª de novembro, é uma celebração cujo simbolismo em grande parte nos escapa, contudo, evoca profundamente a antiga mentalidade céltica.Assim sendo na Irlanda pré-cristã, o ano dividia-se em quatro festas, sendo elas: Samain (inverno); Imbolc (outono), Belteine (verão) e Lugnasad (primavera).

O autor afirma que de uma forma geral, as festas célticas, de acordo com os textos mitológicos, demonstram que a noção de festa para os celtas tinha sentido de reuniões em locais estabelecidos num local central, em certa data do calendário; banquetes realizados, presididos pelo rei; cerimônias religiosas ministradas nos locais estabelecidos; assembléias políticas e administrativas; jogos e transações comerciais.A noção de reunião é premente e esta se realizava em local consagrado, que poderia ter, pelo menos simbolicamente, uma posição central no território ou mesmo ponto de interseção no território de vários povos.Na Irlanda, o lugar central era Tara, que tinha o estatuto de capital do reino de Brega.Em tempos antigos, o grande rei da Irlanda deveria ser também rei de Tara (centro simbólico da província central de Mide).Dessa forma a presença desses locais sagrados pelos territórios habitados por povos de cultura celta atesta importância dada a tipografia, sendo estes locais onde se desenrolavam festas cíclicas, num momento de comunhão com a comunidade.Essas festas tinham um sentido radicalmente ligado à passagem do tempo.

Para melhor entendimento dessas festas, Fillippo destaca que o ano celta na Irlanda compreendia dois períodos bem marcados.Um período sombrio de Samain a Belteine e um período claro de Belteine a Samain.Os seis meses ‘sombrios’ determinavam a metade do ano fria, enquanto os seis meses ‘claros’ determinavam a metade do ano quente.Assim esse tipo de pensamento caracteriza uma forma de dividir o ano em dois períodos distintos.Samain era a festa mais importante do calendário irlandês.Ela tinha por finalidade a comemoração do ano novo e demarca um período intermediário, intercalado, entre o ano que termina e o ano que começa.Trata-se de um momento, no imaginário celta, em que ocorria uma suspensão do curso do tempo, uma abolição das barreiras entre o Outro Mundo e este.

Partindo desse princípio o autor assegura que quase todos os eventos míticos ou épicos ocorriam no Samain.Dessa forma, é comum que nesses relatos o contato com seres do Outro Mundo ou a comunicação entre mundos seja possível.Um dos sentidos mais relevantes dessa festa reside no fato que se trata de uma ‘passagem’ entre dois mundos.O Outro Mundo que na antiga Irlanda era denominado de uma forma geral de Sid.Nessa festa haveria a abertura do Sid.Nas noites do Samain, período mais sagrado, o Outro Mundo estaria mais entrelaçado com o nosso.Nesse momento vigílias deveriam ser feitas, uma vez que os seres sobrenaturais podiam circular livremente e os feitiços tornavam-se mais fortes e é possível que o homem celta vivesse, de certa forma, preocupado nesse ambiente.Tal fato indicava a abolição simbólica do tempo.Nessa abolição, o Outro Mundo penetra no mundo tido como real, sendo que esse lapso de tempo corresponde as três noites do Samain.Noites que compõem esse período de abolição das fronteiras entre os mundos fazendo-se principalmente via aquática.A água é o elemento por excelência que permite a transposição das barreiras.O Outro mundo fica além mar no imaginário celta.

A partir desses preceitos conclui-se que o Halloween representa a sobrevivência dessa festa.A idéia de contato com o Outro Mundo mantém-se intacta, ainda que não reconhecida, indicando como a força de tais crenças logrou atravessar os tempos.Apesar do caráter não-religioso que a festa adotou já há algum tempo, manteve-se o aspecto de contato com o Outro Mundo através das fantasias de ‘criaturas do Além’que tradicionalmente se encontram em sua celebração.

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