sexta-feira, 21 de março de 2008

Projeto de História Oral

História Oral

A História Oral é uma metodologia muito usada em pesquisas históricas e sociológicas. Surgida como forma de valorização das memórias e recordações de indivíduos, é um método de recolhimento de informações através de entrevistas com pessoas que vivenciaram algum fato ocorrido.

Apesar de seu uso crescente, a sua credibilidade enquanto dado é questionada por parte de alguns acadêmicos: o entrevistado pode ter uma falha de memória, pode criar uma trajetória artificial, se auto-celebrar, fantasiar, omitir ou mesmo mentir. Mesmo diante dessa "não confiabilidade da memória", conseguiu-se estabelecer uma metodologia bem estruturada para a produção de dados a partir dos relatos orais.

Tradição Oral

-Trabalha com a permanência dos mitos e com a visão de mundo de comunidades que tem valores filtrados por estruturas mentais asseguradas em referências do passado remoto, pois ela remete as questões do passado longínquo que se manifestam pelo folclore e pela transmissão geracional.

-Aspectos aos estudos da tradição oral: explicações sobre as origens dos povos, destino dos deuses, heróis e personagens malditos e históricos.

-Matérias da tradição oral: os calendários, rituais de passagens, cerimônias cíclica sujeito é sempre mais coletivo, pois a carga da tradição comunitária é mais prezada e presente porque continuada.

Projeto de História Oral

-A autor destaca que é necessário um projeto que guie as escolhas, que especifique as condutas e qualifique os procedimentos metodológicos, pois sem esses artifícios as entrevistas tendem a se perder.

-Itens do projeto de história oral:

*Tema

*Justificativa

*Definição da colônia

*Formação da rede

*Entrevista

*Transcrição

*Conferencia

*Uso

*Arquivamento

TEMA: Nome que sintetiza o significado geral e o específico da pesquisa.

*O título é importante porque reflete a orientação do assunto que motiva a investida, mas também exprimi o ramo da história oral que se trata, portanto devem constar três partes:

1) referenciação da colônia abordada

2) especifidade da rede

3) ramo da história oral que se pretende

JUSTIFICATIVA: Suporta uma ou mais justificativas que dêem conta da importância do estudo, pois devem ficar claros os objetivos do projeto, sendo eles centrais e complementares.

*Objetivos centrais: interesse importante que vincula os sujeitos enfocados (colônia/rede) a um sentido social que marca a importância do trabalho.

*Objetivos complementares: diálogo historiográfico, ressaltando lacunas ou correções da literatura especifica sobre o tema.

-Assim, todos os projetos de histórias de vidas, devem ter uma pergunta de corte.

O que é pergunta de corte?

É uma questão que perpassa todas as entrevistas e que deve referir à comunidade de destino que marca a identidade do grupo analisado. Quase sempre vem no final da entrevista.

DEFINIÇÃO DA COLÔNIA: define-se pelos padrões gerais de sua comunidade de destino: dados os traços preponderantes que ligam a trajetória das pessoas, como por exemplos migração do nordeste para o sul; congregações religiosas.

-Assim a definição de colônia independe da separação de gêneros, idades, estado civil, padrões de vida econômica ou outros detalhes que devem ser referidos nos critérios de definição de rede. Então a colônia é sempre a espécie ,da qual a rede é o gênero.

FORMAÇÃO DA REDE: É uma subdivisão da colônia e que visa estabelecer parâmetros para decidir sobre quem deve ser entrevistado ou não. A rede implica o início do trabalho.

- A entrevista é conhecida como ponto zero, onde se entende que um depoente que conheça a história do grupo ou com quem se quer fazer a entrevista central. Então o autor sugere que um entrevistado indique o outro ou outros,e a rede deve servir para abordar o argumento do projeto segundo a sugestão da comunidade e não da vontade exclusiva diretor da pesquisa.Assim isso valoriza a identificação da visão do outro.

-Quando os contatos definem uma sugestão de números de entrevistas a ser feitas é referido como rede dada.

ENTREVISTA: Etapa do projeto e possui três degraus: pré- entrevista, entrevista e pós-entrevista.

-Pré-entrevista: preparação do encontro em que se dará a gravação.

-Entrevista: deve se efetuada segundo a conveniência do entrevistado. As entrevistas podem ser múltiplas,estimuladas ou não(fotos,cartas);diretivas ou não(perguntas,questionários);longas ou breves.Nada é publicado sem a autorização do colaborador.Subdividem-se:

*Profundidade: pode-se valer da divisão cronológica do trajeto existencial do entrevistado.

*Temáticas: brevidade, já que o objetivo é algo específico.

-Pós-entrevista: etapa que se segue a realização das entrevistas. É necessário evitar o acumulo de gravações e distancias entre uma etapa e outra.

TRANSCRIÇÃO: destina-se a mudança do estágio da gravação oral para o escrito, assim sugere-se a transcrição absoluta para a passagem completa dos diálogos e sons como eles foram captados. Assim essa etapa dá a visibilidade ao caso tematizado ou à história narrada.

-A transcrição não traduz tudo o que se passou na situação do encontro. A entrevista deve ser corrigida e o ideal é a manutenção do sentido intencional dado pelo narrador que articula seu raciocínio com as palavras.Assim não são as palavras que interessam e sim o que elas contém.

-Dois aspectos conjuraram contra a transcrição pura e simples:

1) o isolamento do publico leitor em geral;

2)o risco da má recepção da mensagem;

-Textualização: é a etapa que se suprime as eventuais perguntas que, fundidas nas respostas superam suas importâncias, sendo que o exclusivismo é da primeira pessoa. O tom vital é importante,pois corresponde a frase que serve de epígrafe para a leitura da entrevista.A frase escolhida serve como um farol a guiar a recepção do trabalho.

-Transcrição: última etapa, pois é o texto, recriado em sua plenitude. Afirma-se que há interferência do autor no texto e que ele é refeito várias vezes,devendo obedecer a acertos combinados com o colaborador ,que vai legitimar o texto no momento da conferência.

CONFERÊNCIA: É o momento em que, depois de trabalhado o texto, o autor entrega a versão a ser autorizada. O autor deve estar preparado para refazer o texto,pois deve haver entre as partes um entendimento que permita diálogo sobre a importância ou não dos cortes.

USO: os textos autorizados podem ser usados no todo ou em parte, sempre definidos sob os parâmetros definidos na carta de cessão.

-As publicação das entrevistas podem ser feitas na sua totalidade ou apenas parte delas.Podem ser usadas de duas formas:

*Pura: o uso da entrevista pode ser único ou múltiplo.

*Hibrida: implica a neutralização do testemunho oral equiparado a outras documentações escritas.

ARQUIVAMENTO: O trabalho pode se utilizado posteriormente e deve ser arquivado. Assim é necessário cópias de fitas,CDS,em locais diferentes.

CADERNO DE CAMPO: Necessário no acompanhamento das entrevistas. Nele registram-se as observações tanto no andamento do projeto como das entrevistas especificas.Sugere-se que este caderno funcione como um diário onde o roteiro prático seja colocado.

Projeto Universidade sem Fronteiras

Autor:João Vinicius Bobek


Um comentário:

jaimehsm disse...

olá.
te achei por aqui.o blog parece interessante.....outra hora vejo com mais calma....to de saida agora.

boa sessão de filmes.

abraços

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