quinta-feira, 22 de novembro de 2007

PROJETO DE TRABALHO NO MUSEU DO IPIRANGA PARA TURMAS DE ENSINO MÉDIO-Os Bandeirantes e suas influências na região sudeste.

PROJETO DE TRABALHO NO MUSEU DO IPIRANGA PARA TURMAS DE ENSINO MÉDIO

  1. TÍTULO:

Os Bandeirantes e suas influências na região sudeste

  1. TEMÁTICA:

Educação-Patrimônio Cultural-História dos Bandeirantes

  1. INTRODUÇÃO:

Denominam-se bandeirantes os sertanistas que, a partir do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata, abundante na América espanhola, indígenas para escravização ou extermínio de quilombos. Tradicionalmente, os historiadores distinguem as entradas, como movimentos promovidos pelo Governo, das bandeiras, como expedições particulares, com fins lucrativos.

Surge então a "vocação interiorana" era alimentada por uma série de condições geográficas, econômicas e sociais. Separada do litoral pela muralha da Serra do Mar, São Paulo voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes que comunicavam os paulistas com o distante interior. Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito. É que boa parte dos habitantes de São Vicente haviam migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, já na segunda metade do século XVI, arruinando muitos fazendeiros.

No final do Séc. XVI começou um movimento para o interior, pois o Governo Geral deu impulso à busca de ouro e prata, dando um caráter oficial às bandeiras. E ainda, após choques com os colonos, os jesuítas fundaram missões (reduções) no interior. Isso despertou a cobiça dos bandeirantes, pois existiam milhares de nativos acostumados ao trabalho agrícola, muito mais valioso que os 'índios bravos'. Dessa forma começaram a atacar as reduções.

Em 1580 se iniciou a "União Ibérica", fato que ampliou os choques de interesses entre grupos de portugueses e espanhóis; foi nesse quadro que a atividade bandeirante se desenvolveu caracterizada principalmente pela preação do índio, principalmente nos grandes aldeamentos de jesuítas, em especial os aldeamentos de espanhóis, em regiões do interior como Guairá, Itatim e Tape próximas aos rios da Bacia do Prata. A partir de 1619, os bandeirantes intensificaram os ataques contra as reduções jesuíticas, e os artesãos e agricultores guaranis foram escravizados em massa. No entanto, muito antes de surgirem os primeiros aldeamentos na bacia do Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena o meio para sua subsistência.

As reduções organizadas pelos jesuítas no interior do continente foram, para os paulistas, um presente dos céus: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais. No século XVII, o controle holandês sobre os mercados africanos, no período da ocupação do Nordeste, interrompeu o tráfico negreiro. Os colonos voltaram-se então para o trabalho indígena. Esse aumento da procura provocou uma elevação nos preços do escravo índio, considerado como "negro da terra", e que custava, em média, cinco vezes menos que os escravos africanos. Embora a caça ao índio tenha ocupado a atenção dos bandeirantes até meados do século XVII, desde os primeiros tempos da colonização houve tentativas de descobrir metais preciosos no sertão brasileiro. Ouro e prata eram, na verdade, a primeira coisa que os europeus procuravam em toda parte no período das grandes navegações

Ao final do período de União Ibérica, São Paulo viveu um movimento social inusitado, uma revolta, caracterizada como "nativista" e que passou para a história como "Aclamação de Amador Bueno como Rei de São Paulo". A noticia da restauração portuguesa, chegada a São Paulo apenas em 1641, fez com que grupos de espanhóis que viviam na região estimulassem um movimento popular que pretendia negar os direitos do novo soberano de Portugal sobre a região, aclamando Amador Bueno, de origem espanhola, como Rei de São Paulo. O próprio Amador Bueno recusava o título e a revolta perdeu força devido à ação dos padres beneditinos da cidade.

  1. OBJETIVOS:

Pretende-se através desse trabalho a ser realizado no Museu do Ipiranga despertar no aluno o interesse pela busca pelos conhecimentos das suas origens, usando recursos disponíveis no Museu Do Ipiranga, como obras de artes e artefatos referentes ao Bandeirantes, pois esse estudo deve despertar e levar o aluno a perceber que através das visitas ao Museu, ele pode através do campo imaginário refletir criticamente e encontrar as respostas as suas indagações, realizando pessoalmente as investigações e pesquisas que serão transformadas em experiências para sua vida prática. Assim sendo esse projeto pretende colaborar para a formação de recursos humanos para atuar na perspectiva da educação patrimonial, valorizando as diferentes dimensões do patrimônio cultural, local e regional, a análise das leituras, apropriações e re-significações do Museu, construído durante a visita, contribuirá para o entendimento da construção do saber histórico, sempre privilegiando o olhar do estudante. Essa experiência deve ser vista com versões e representações do passado, sendo para o aluno uma contribuição bem mais interessante ao processo educacional.

Como objetivos específicos pode-se destacar o envolvimento do aluno com a localização do tempo e espaço sobre a História de São Paulo, assim como do Brasil; análise dos objetos e obras de arte; compreensão do uso dos objetos e das obras de artes referentes ao bandeirantismo assim como quem pintou e seus objetivos a serem mostrados na obra, colaborar na formação escolar de adolescentes, valorizando suas potencialidades, estimulando o gosto pelo estudo e produção do saber escolar; contribuir para o desenvolvimento da consciência preservacionista enquanto referencial da identidade cultural e construção da cidadania e por fim proporcionar a adolescentes e jovens, situações educativas de reflexão histórica, visando o exercício de uma cidadania social.

  1. JUSTIFICATIVA:

No Brasil, no século XVII, alguns homens valentes se introduziram no sertão, movidos pelo desejo de encontrar jazidas de metais preciosos e outras riquezas e, ainda, aprisionar selvagens, a fim de vendê-los como escravos aos colonizadores. Arriscavam-se muitíssimo, e algumas vezes foram massacrados por índios ferozes. Levavam provisões de mandioca, milho, feijão, carne seca e pólvora, bem como redes, onde dormiam. Faziam-se acompanhar dos filhos maiores de 14 anos, de escravos e alguns homens do povoado, que também ambicionavam riquezas. Não raro, ficavam longos períodos afastados da família, alguns deles nem mesmo regressando, vítimas de febres ou picadas de cobras, quando não de flechas indígenas. Todavia, apesar do objetivo não muito elevado de sua missão, que foi bastante combatido pelos jesuítas, prestaram grande serviço ao Brasil, pois dilataram-lhe as fronteiras, conquistando terras que pertenciam à Espanha, como Goiás, Mato Grosso, grande parte de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

As bandeiras atravessaram o Brasil em todos os sentidos, chegando, como a de António Raposo Tavares, até o Amazonas, tendo partido de São Paulo. As mais importantes foram as de Fernão Dias Pais e seu genro Borba Gato, que exploraram a região de Minas Gerais, fundando inúmeros povoados, bem como a de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, que encontrou ouro perto de Goiás.

Sendo assim pretende-se com essa visita e tema principalmente reavivar e entender os objetivos do bandeiritismo que marcou diversas regiões do Brasil, dando origens a diversas cidades, como São Paulo, bem como desconstruir a História Formal, acreditando que através dessa visita o aluno terá outra visão para extrair suas próprias conclusões sobre os Bandeirantes e suas expedições interioranas.

Dessa forma esse projeto será desenvolvido através de uma discussão do tema através da pesquisa feita pelos alunos e também a exposição de objetos e obras em exposição no Museu do Ipiranga, exibição do tema através de um documentário; aula expositiva sobre a época e o contexto histórico e por fim a apresentação de alguns objetos do museu através de transparências utilizadas em sala de aula.

  1. METODOLOGIA:

Será utilizado nesse trabalho como recurso metodológico essencialmente os objetos referentes ao Bandeirantes expostos no Museu Do Ipiranga. O objetivo e a estratégia fundamentais do trabalho é o levar os alunos a perceber, identificar e compreender o drama histórico, social e cultural encapsulado em cada objeto e obra de arte que preservamos em nossos museus ou fora deles, como referência para o presente, sendo um exorcismo mental e emocional que pode fazê-lo descobrir o quanto fazemos parte dessa história, de que modo ela se repete para poder aprender a ouvir as coisas e entender suas ligações.

Para Ulpiano, o eixo de musealização é o processo de transformação do objeto em documento. Nesse sentido, critica as insuficiências e distorções provocadas pelo recurso da “recontextualização” desses objetos, tão em voga hoje em dias nas melhores instituições. Esse recurso “congela arbitrariamente, em um de seus vários contextos, objetos que têm históricos, trajetórias”, afirma Ulpiano. Desse modo, não se pode dar conta da “dimensão biográfica” de um artefato cultural. O trabalho museológico e museográfico deve procurar a mobilização dos objetos para a produção de diversos extratos de sentido,que podem historicamente levantados ,a história dos bem culturais.

Deste modo será realizada a visita ao Museu do Ipiranga, onde após a observação dos artefatos e obras de artes referentes ao Bandeirantes os alunos deverão indicar aspectos como motivação, dificuldades, adequação da atividade ao tempo disponível, nível de apreensão do tema. Para material de apoio será utilizada a Folha Didática, buscando referência no texto “Educação Patrimonial” Maria de Lourdes Parreiras Horta cita como objeto de maior assimilação e aprendizagem para os alunos. Essas Folhas Didáticas tem por objetivos orientar os alunos nesse processo de descoberta. A “Folha Didática” é um roteiro de exploração, com problemas e questões a serem resolvidas através da observação. Este material é um instrumento instigador da percepção, da análise, da comparação e da dedução, que permite ao aluno uma melhor compreensão do que está sendo observado.

Na sua elaboração, alguns itens devem serem levados em conta, como por exemplo, a definição dos objetivos do que se pretende explorar; a linguagem adequada ao nível da faixa etária que se pretende trabalhar; as indagações objetivas de fácil compreensão; a diagramação clara e agradável, com espaço suficiente para o preenchimento. Questões importantes serão abordas como: Para que serve este objeto? Quem o utilizou; Relacionar o objeto ou elemento característico com um aspecto específico da cultura e da vida local; Comparação de dois objetos encontrados no mesmo local, detectando diferenças e semelhanças e por fim perguntas e atividades a serem feitas em casa, ou na escola, como pesquisa e discussões a serem realizadas posteriormente em sala de aula.

Parte do princípio que a Educação Patrimonial é um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. Os objetos e expressões do Patrimônio Cultural são o ponto de partida para a atividade pedagógica, realizada através da observação, do questionamento e da exploração de todos os aspectos desses objetos e expressões. Esse trabalho busca levar crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento crítico, apropriação consciente e conseqüente valorização de sua herança cultural, o que possibilitará o fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania.

Então se conclui que a Educação Patrimonial pode ser assim um instrumento de “alfabetização cultural” que auxilia o indivíduo a fazer a leitura do mundo que o rodeia, instigando-o a compreender o universo sócio-cultural e a trajetória histórico-temporal em que está inserido.

  1. RESULTADOS ESPERADOS:

Pretende-se através dessa atividade que o aluno desperte o senso crítico, análise das linguagens utilizadas nas peças, artefatos e obras de artes referentes ao objeto histórico a ser analisado assim como a apreciação narrativa; discussão, comparação e crítica dos valores pré-estabelecidos pela História factual, para que conheça e aprenda estratégias de leitura, através:

  • Da identificação do objeto;
  • Função/significado, desenvolvimento da percepção visual e simbólica;
  • Fixação do conhecimento percebido;
  • Aprofundamento da análise crítica;
  • Interpretação de evidencias e significados;
  • Envolvimento afetivo;
  • Internalizarão;
  • Participação criativa;
  • Valorização do bem cultural;

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MENEZES, Ulpiano Bezerra T. de. Do Teatro da Memória ao Laboratório da História-a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista,n 2.Universidade de São Paulo,1996.

BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico-geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatiaia, 1995.

BRUNO, Ernani Silva. História do Brasil (geral e regional) (2ª ed., v. 4.). São Paulo: Cultrix, 1967.

COSTA, Joaquim Ribeiro. Toponímia de Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatiaia, 1993. Ensaios Paulistas. São Paulo: Editora Anhembi, 1958.

HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil (4ª ed.). Brasília: UnB, 1963.

LEITE, Mario. Paulistas e mineiros, plantadores de cidades. São Paulo: Edart, 1961.

PARANHOS, Paulo. Primeiros núcleos populacionais no Sul das Minas Gerais. In: Histórica (revista eletrônica do Arquivo do Estado), nº. 7, dezembro de 2005.

REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas recordações. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1987.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Lições das Coisas: O Enigma e o desafio da Educação Patrimonial. IN Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.Rio de Janeiro:IPHAN,DEMU.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger