quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dica:Encontros e Desencontros by Sofia Copolla

Todo mundo quer ser encontrado.Essa parece ser a temática abordada por Sofia.Um filme inteligente e cheio de nuances em que o expectador pára para pensar sobre as relações humanas na atualidade e pode se dar ao luxo,sempre blasé, de criticar os valores propostos por tal sociedade que nos empurra a ter certas atitudes.Veja e reveja.
Vale a pena,e é como sempre digo:"Chique é ser inteligente"!
Mr. John

Por:Lucas Salgado
Parece que Sofia Coppola trocou definitivamente de posição: saiu da frente e foi para trás das câmaras. Tendo em vista as pequenas pontas nos filmes do pai, o lendário Francis Ford Coppola ("Cotton Club"), e o fato de ter sua primeira grande participação como atriz em "O Poderoso Chefão 3", celebrada como "a mais ridícula performance da história do cinema americano", parece que fez a escolha certa. Seu novo, e segundo, filme, "Encontros e Desencontros" é um sucesso de crítica, tendo sido ovacionado nos festivais de cinema do Rio, onde foi exibido na abertura, e de Veneza, onde fez parte da mostra Contracorrente.
A estréia de Sofia na direção ocorreu em 1999 com o marcante "As Virgens Suicidas", que contava com Kirsten Dunst ("Homem-Aranha" e "Entrevista com o Vampiro"), James Woods ("Contato" e "Cassino"), Danny DeVito ("O Assalto" e "O Mundo de Andy") e Kathleen Turner ("Mamãe é de Morte" e "A Jóia do Nilo") no elenco. Mas é com "Encontros e Desencontros" que a ex-atriz prova ter luz própria, destruindo os argumentos daqueles que acreditavam que ela não conseguiria voar com as próprias asas.
O filme é todo passado em Tóquio e gira em torno de dois personagens. O primeiro é Bob Harris (interpretado brilhantemente por Bill Murray, de "As Panteras"), um ator americano que vai a capital japonesa filmar um comercial de uísque. Do outro lado da história está Charlotte (Scarlett Johansson, de "Esqueceram de Mim 3"), uma jovem casada com um fotógrafo deslumbrado (Giovanni Ribisi, de "Violação de Conduta"), que a deixa sozinha a maior parte do tempo. A princípio os dois só têm em comum o fato de estarem no mesmo hotel, mas com o passar do tempo ambos são unido pelas crises que vivem e acabam desenvolvendo um forte vínculo.
Poucas vezes na história da sétima arte um diretor conseguiu desenvolver tal química entre gêneros tão paradoxais. O drama e a comédia estão interligados em todos os 105 minutos de projeção. Se por um lado o filme diverte, com toda a perplexidade de Bob com tudo que é japonês, por outros ele nos perturba com uma melancolia meio que subliminar. O ponto mais interessante do filme é a questão do Japão: para quem não prestar a devida atenção pode parecer que o país oriental é o centro e o fruto dos dramas pessoais dos personagens. Mas não, o objetivo real da esposa de Spike Jonze (diretor de "Quero Ser John Malkovich") é mostrar a angústia do ser humano, seja no Japão ou em qualquer outro lugar.
"Encontros e Desencontros" é um filme brilhante, Sofia provou ser mais do que a filhinha de Francis Ford Coppola, e Bill Murray despontou como forte concorrente ao Oscar de melhor ator em 2004. Só foi uma pena não terem preservado o título original ("Lost in Translation" - perdido na tradução, na mudança), pois apesar de mostrar os contratempos decorrentes do conflito entre tempos e culturas diferentes, o longa, na realidade, busca explicitar o sentido dos sentimentos que se perdem por qualquer tradução.

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