segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Resenha de Robert Darnton-"O Grande Massacre dos Gatos".


Universidade Estadual de Ponta Grossa

“O Grande Massacre Dos Gatos”

Ponta Grossa /2007

Autor: Robert Darnton

Objetivos: A partir da obra analisada pretende-se analisar a interdisciplinaridade entre a Antropologia e a História Social, buscando referências para um futuro trabalho com a sociedade e festas no Antigo Regime Francês.

Os estudos de História Social e de Antropologia Social têm-se tornado cada vez mais interdisciplinares e entre os historiadores que se tem debruçado sobre a perspectiva de uma antropologia histórica destacam-se Robert Darnton, autor dessa obra, com seus estudos sobre leitura, sobre mentalidade. Entre os livros publicados pelo autor, destaca-se uma coletânea de ensaios, cujo título “O Grande Massacre de Gatos e outros episódios da história cultural francesa”, já chama a atenção para um dos ensaios “Os trabalhadores se revoltam: O Grande massacre de gatos na Rua saint- Severin”, que pode ser considerado como uma das melhores experiências de debruçamento e interdisciplinaridade entre a história social e a antropologia social. Robert Darnton autor dessa obra faz parte da geração da revista dos Annales que foi fundada em 1929 tendo como principais mentores Marc Bloch e Lucian Febvre. Sua nova abordagem para o estudo da História trouxe conseqüências e influências até os dias de hoje. A revista se consagrou conjuntamente com a obra de seus principais fundadores. O movimento dos Annales, normalmente chamado de Escola dos Annales, não possui exatamente, os elementos que constituem uma escola, rigidamente organizada fechada estritamente em torno de uma convicção ou paradigma. Encontramos neste movimento, certa unidade em sua composição, mas não uma homogeneidade. Jacques Revel o define como um conjunto de estratégias, uma nova sensibilidade, uma atividade que de fato mostra-se pouco preocupada com definições teóricas

Para Robert Darnton, em O Grande Massacre dos Gatos, situar o homem comum do século XVIII no que tangia ao seu universo mental era de difícil precisão, assim Darnton propõe uma tentativa de retomada de uma história reconhecida pelo leitor em versões diferentes da que será por ele relatada com o propósito iniciar sua análise. Na busca de entender a graça, por traz de um massacre de gatos, ocorrido na França às voltas da Revolução Francesa, o autor trabalha o relato de um operário da época, com a maestria de interpretar o documento e compreender todo um código social, contido naquelas palavras. Um jogo que se configura em ir ao documento, ir ao contexto e voltar ao documento para então compreender o outro, a piada que não se entende.

Assim entende-se que a obra de Darnton aborda uma maneira de tentarmos perceber as classes populares dos séculos XVI e XVII, suas mentalidades, tradições, medos e anseios por meio de contos. Então inicialmente o autor apresenta os personagens Leviellé e Contat, auxiliares de uma gráfica, que não tinha m uma vida fácil e viviam em condições inferiores as dos animais de estimação de seus patrões. O dilema da vida desses personagens eram os gatos que tomavam conta do local que exerciam suas atividades bem como seus aposentos.Portanto esses animais exerciam forte influência na cultura das pessoas,ora entretanto os abandonos ,ora servindo como uma espécie de ritual que justificava o caráter místico do gato.

Salienta-se que os contos populares como conhecemos hoje não são contados de modo original, tal como eram contados há séculos atrás. Os contos como conhecemos hoje passaram por volta do início do século XVIII final do XVII, por mudanças, Essas histórias passaram a ter final feliz, sendo modificadas para atender as classes mais altas. As mudanças dos contos com o passar do tempo mostra a mudança da sociedade e das mentalidades. Os contos antes não eram direcionados apenas ao público infantil, mas serviam também para divertir os adultos, uma forma de alerta das classes populares, no sentido de que esses contos expunham as condições reais nas quais a grande parcela da população vivia, onde a realidade era muito dura devendo assim aceitar e suportar seus destinos.

Os gatos muitas vezes eram relacionados à bruxaria, traziam má sorte, e para quebrar os encantos ou efeitos desses rituais macabros era necessária alguma violência contra o animal. Leviellé e Contat para ter uma noite de descanso criaram uma situação onde um dos personagens citados, imitou os ruídos dos gatos a noite inteira, atrapalhando a noite de sono do patrão. Deste modo essa execução ocorre das formas mais violentas possíveis como se os empregados estivessem violentando os patrões, devido às más condições em que se encontravam. Então se percebe a forma repugnante e cruel que o gato era tratado naquele período, mas o que chama a atenção para o foco principal é como a violência manifesta-se nas pessoas e de certa forma é encarada naturalmente como parte da cultura daquela sociedade. Assim sendo conclui-se que os contos franceses possuem como característica marcante a proximidade com a realidade. Seus contos não eram ilustrados em outro mundo, mas possuíam um cenário,como a própria aldeia em que viviam cercados pelos mesmos objetos, mas Darnton deixa explicito em sua obra que haviam exceções. Destarte, a história do Grande Massacre dos Gatos, ocorrida na França Pré-industrial mostra assim a questão da realidade da vida das pessoas de classes populares, os significados que atribuíram a determinadas coisas naquele momento histórico, fazendo uma verdadeira odisséia pelos arquivos do Antigo Regime para descobrir e interpretar de forma brilhante os rituais obscuros, provérbios ou mesmo piadas, mostrando um novo ponto de vista e de partida para a História Francesa.

Bibliografia:

DARNTON, Robert. O Grande Massacre dos Gatos.E outros episódios da História Cultural da França.4ªEdição.SP:Graal,1986.

3 comentários:

Anônimo disse...

chupa meu ovo esquerdo

Anônimo disse...

boa a resenha, deu para mim entender melhor o que o autor trabalha na obra.

Anônimo disse...

Muito boa sua resenha!

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